quinta-feira, 1 de agosto de 2013

RJ: Proposta de aulas semipresenciais em escolas públicas gera polêmica

Segundo resolução do governo, colégios estaduais poderiam usar modalidade em 20% da carga horária letiva. A Secretaria garante que medida só seria aplicada em caráter restrito, no caso de falta de professores. Deputado diz que vai entrar na Justiça se proposta for aprovada, e Sindicato convoca manifestação;
De acordo com o texto, “a oferta poderá abarcar todo o percurso acadêmico da área do conhecimento ou do componente curricular, de maneira integral, bem como se destinar, em caráter excepcional, ao atendimento de situações emergenciais por recorte temporal específico dentro do período letivo em curso, complementação dos processos de ensino-aprendizagem ou ações de adequação curricular”.
A Seeduc argumenta que a proposta é a extensão, para toda educação básica, de um direito já previsto na Lei de Diretrizes e Bases (LDB) para o ensino superior e para os ensinos fundamental e médio na modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA), conforme ato do próprio CEE. Segundo Patricia Tinoco, assessora da subsecretaria de Gestão do Ensino, as atividades semi-presenciais se restringiriam a algumas regiões, em que não se consegue contratar professores de determinada disciplina, e seriam todas aplicadas nas próprias escolas, com o auxílio de tutores, para os alunos não ficarem sem aulas.
 — Na matriz, continua-se com as aulas todas. Não existe isso de o aluno ficar um dia em casa. Estamos solicitando apenas em casos emergenciais, em áreas de carência crônica. Vai ser estendido para a rede toda, mas como qualquer outra atividade didática através de módulos ou unidades de ensino-aprendizagem, e apenas em casos extremos onde não haja professor e para que o aluno não fique com nenhum tempo vago. Estamos produzindo material que possibillita o aluno possa fazer auto-aprendizagem. Isso pode acontecer com videoaulas ou material impresso. Vamos trabalhar com tutores, coordenadores e professores-articuladores — explica Patricia.
 O deputado Comte Bittencourt acredita que a medida é um pretexto para justificar a carência de professores em várias escolas e discorda da adoção de práticas de ensino à distância (EAD) na educação básica.
 — Usar esse subterfúgio para resolver falta de professor e para essa faixa etária é um absurdo. Na educação básica, é uma loucura. A maioria das escolas não tem nem biblioteca nem orientador nos laboratórios de informática. Vai na contramão do ensino público de qualidade. É um grande engodo. Vamos ficar atentos e acompanhar a votação, mas já comuniquei que, se o conselho aprovar, vou entrar na Justiça questionando. O que o (Wilson) Risolia (secretário estadual de Educação) quer, no fundo, é não correr o risco de responder por um crime de responsabilidade por não ter professores — diz Bittencourt.
 Em nota publicada em seu site, o Sindicato Estadual de Profissionais da Educação do Rio de Janeiro (Sepe-RI) afirma que o governo “demonstra, com essa medida, não só a falta de sensibilidade como total descompromisso com a educação pública de qualidade neste estado. (...), pois, com essa medida, o governo Cabral estará economizando dinheiro na contratação de mais professores (...)”. Nas redes sociais, já há uma convocação para um protesto em frente à sede do Conselho Estadual de Educação (CEE) na próxima terça-feira (23).
 — Neste dia, haverá uma reunião ordinária do CEE, mas as pessoas querem ir para lá fazer pressão. Mesmo que a proposta não seja votada queremos mostrar nossa insatisfação — 

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